E de repente, António Costa, passou de mau dançarino a rainha do baile com quem todos querem dançar.
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Como se dúvidas ainda houvessem, alguns partidos da oposição decidiram criar uma comissão de inquérito, com vista a avaliar se José Sócrates terá efectivamente mentido relativamente à compra da TVI pela PT. Acho bem, como dizem alguns, até porque o Povo necessita de ter a absoluta certeza de que não está a ser governado por um troca tintas que conseguiu, tal como outros que o antecederam, dar a volta às elevadas exigências com que são adimitidos os candidatos à liderança política do nosso país. Depois das conclusões, se as houver, nada voltará a ser como dantes, até porque a lição foi bem aprendia e durante os próximos anos, os políticos que nos irão governar, só o poderão fazer se forem detentores de pedigree.
Com as sua declarações, Passos Coelho começou uma guerra de palavras com Alberto João. Ao dizer que dizer que não tem obrigação se ser sempre solidário com Jardim, está a piscar o olho aos descontentes da Madeira e do Continente, ou seja, está a capitalizar apoiantes. Muito sinceramente, a minha simpatia por Passos Coelho até aumentou quando li que o proto-candidato à liderança do PSD se demarcou do sorvedouro madeirense. Não é que eu ache que ser madeirense é uma grande vantagem. Muitas terá para quem lá vive e para quem lá vai, mas as assimetrias que existiam há vinte ou trinta anos, em nada se comparam às que vivemos atualmente. Se existem motivos para continuarmos a contribuir, então devemos ser solidários, mas se o montante das transferências de dinheiro para o arquipélago da Madeira está acima das reais necessidades dos madeirenses, então santa paciência, todos temos que contribuir para os esforço nacional e, nesse caso, todos devem ver diminuídas as verbas que anualmente lhes são atribuídas. Voltando a Passos Coelho, penso que é uma pessoa que até o PS gostava de ter como alternativa a Sócrates. Não porque seja de esquerda ou se encaixe nas necessidades preeminentes do partido de governo. A questão é que o homem, tal como José Sócrates, tem todas as condições para captar eleitorado do centro-esquerda e isso significa muito tanto para o PS como para o PSD, sobretudo para um país que necessita urgentemente de uma alternativa política e não se revê nas caras gastas e conhecidas dos outros candidatos à liderança do partido de São Caetano.
Depois de conseguirem desacreditar a pessoa e o político, eis que a oposição está a um passo de concretizar o seu plano de governo para o país.António Costa e Capoulas dos Santos foram unânimes em considerar que a solução para ultrapassar a crise, passa forçosamente pela apresentação de uma moção de censura ao governo. Só que, para além de outras, existem questões a resolver no PSD. A falta de liderança alternativa vai gerar um clima de tensão dentro das estruturas do maior partido da oposição.Se por um lado clama por mudança, por outro não tem alternativa à governação. Se decidir ir a eleições, tem que esperar primeiro pela eleição daquele que será o próximo primeiro-ministro de Portugal. Como a crise não pode esperar e não se vislumbra, por parte de Cavaco Silva, qualquer intenção de intervir na governação do país, antes achando que é necessário ter confiança no governo, sou capaz de apostar que os benefícios dessa campanha, negra diga-se, contra José Sócrates, lhe trarão mais vantagens do que desvantagens, independentemente de continuar a ser ou não candidato ao que quer que seja. Assim, sem conseguir acompanhar a velocidade a que a sucessão de acontecimentos ocorre, o PSD poderá muito bem vir a perder mais do que estava à espera de vir a ganhar, pois corre o risco de não conseguir ter e ser uma alternativa viável de governo.Com tudo isto, os portugueses permanecem em crise e aguardam a decisão dos senadores, quão preocupados que estão em resolver os problemas de governação do país, somente gerados porque quem governa são outros e não eles.